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Terra, Nosso Lar

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida.

A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado. (Carta da Terra)

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domingo, 17 de outubro de 2010

A coexistência entre impressos e digitais

Manter um negócio com menos impactos negativos na natureza e, ao mesmo tempo, garantir a sua viabilidade econômica é um desafio para empresários das indústrias gráfica e editorial. Em função do próprio perfil de atuação, a crise do papel e o avanço das tecnologias digitais, a redução de impressões virou lema defendido por muitas organizações que atuam na proteção do meio ambiente.
Recentemente, vinte e uma entidades representantes dos diversos segmentos da indústria gráfica lançaram, em São Paulo, a campanha ‘Imprimir é dar vida’, pela valorização do papel e da comunicação impressa. O movimento visa informar à população sobre a origem do material usado para impressão. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Gráficas (Abigraf) – uma das entidades que assinaram o documento – a iniciativa pretende esclarecer que o uso de papel para impressão não provoca desmatamento no Brasil. A campanha defende a produção de celulose a partir de florestas plantadas em áreas destinadas exclusivamente para este fim.
Segundo os organizadores do movimento, o plantio para uso industrial é visto como uma ação sustentável por trazer benefícios para o meio ambiente, pois na fase inicial do desenvolvimento dessas árvores, elas retiram quantidade significativa de CO2 da atmosfera: um bilhão de toneladas de carbono da atmosfera por ano, segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).
A filosofia da campanha está alinhada às práticas defendidas pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal – FSC Brasil, organização não-governamental, fundada em 1996, com a missão de difundir e facilitar o bom manejo das florestas brasileiras conforme os princípios do Forest Stewardship Council. A certificação FSC, obtida por apenas algumas empresas brasileiras, é uma forma de avaliar as operações de cadeias de custódia e verificar os cumprimentos de questões ambientais, sociais e econômicas. O FSC é considerado o único sistema a adotar padrões socioambientais internacionalmente aceitos.
Segundo Fernando Dantas de Almeida, sócio-diretor da Sol Gráfica, empresa certificada com o selo, o FSC é um diferencial de mercado e representa uma vantagem na hora de competir pela preferência de clientes conscientes com a questão ambiental. “Outra vantagem é também estar dentro dessa cadeia de custódia, ou seja, uma garantia que o produto utiliza matéria-prima proveniente de floresta 100% certificada, na qual boa parte da nossa população mundial também está preocupada”.
Mas será que no universo dos fornecedores de serviços, essas certificações têm um peso relevante na hora de um cliente optar por essa ou aquela gráfica? Ou preço é ainda o fator mais importante? Para Fernando, o selo faz diferença e traz benefícios nos casos em que o fator preço não é preponderante. “A certificação reflete nossas preocupações com o meio ambiente dando visibilidade perante o mercado e possíveis clientes”, afirma.
O formato digital como opção de consumo
Já os consumidores e empresas que optaram por reduzir impressões, no uso pessoal ou tomando a decisão de substituir informativos de papel por newsletters eletrônicas, por exemplo, têm razão de estar confusos.
De acordo com pesquisa elaborada em maio de 2010 pela empresa de segurança on-line McAfee, a energia gasta no envio de um bilhão de e-mails por ano foi o mesmo de 2,5 milhões de residências nos Estados Unidos, no mesmo período. Outro dado surpreendente: a poluição gerada foi equivalente a de três milhões de carros.
No estudo ‘Make It Green: Cloud Computing and its Contribution to Climate Change’, publicado em março, o Greenpeace revelou que a eletricidade consumida para manter os dados na ‘nuvem de dados’ da internet passará dos 632 bilhões de quilowatts consumidos em 2007 para 1,9 trilhão em 2020, o que vai corresponder a um milhão de toneladas de gás carbônico.
Indo um pouco além da discussão meramente ambiental, outra questão vem sendo debatida por estudiosos como o historiador norte-americano Robert Darnton, diretor da Biblioteca da Universidade de Harvard: a do papel como melhor suporte para a conservação das informações. No capítulo ‘Em louvor ao papel’ em sua mais recente obra ‘A questão dos Livros – Passado, Presente e Futuro’ (Cia das Letras, 2010), ele cita um trecho do livro ‘Double Fold’, de Nicholson Baker, que enfatiza: “o papel continua sendo a melhor mídia para preservação, enquanto as mídias digitais não apresentam métodos seguros. As bibliotecas precisam ainda encher suas estantes impressas em papel”.
Parte do apelo dos leitores eletrônicos, como o Kindle, da Amazon ou o iPad, da Apple, é ecológico. Em apenas um desses aparelhos seria possível armazenar o equivalente a centenas de livros. O consumidor teria como benefício extra a economia de espaço físico e a facilidade de levar para qualquer lugar todas essas obras.
Por outro lado, dados de uma pesquisa realizada pela consultoria francesa Carbone 4, inclusive utilizadas pela campanha ‘Imprimir é dar Vida’, a carga de CO2 gerada pela produção de um e-book é de 250kg, enquanto que um livro impresso produz apenas 1 kg de CO2. O motivo da grande diferença, segundo o estudo, é que na produção dos e-readers, também são gastas matérias- primas para fabricar seus equipamentos e baterias. Por outro lado, os livros são feitos a partir de materiais renováveis.
Entretanto, todos esses pontos de vista ainda estão sujeitos a questionamentos. As preferências dos leitores por livros impressos ou digitais, sejam elas motivadas por questões ambientais, econômicas ou mesmo práticas, ainda vão conviver por muito tempo. Em ‘Não contem com o fim do livro’ (Record, 2010), Umberto Eco, semiólogo, professor e escritor e Jean-Claude Carrière, escritor e dramaturgo refletem, entre outros assuntos, sobre as transformações anunciadas pela adoção do livro eletrônico e como sua versão impressa ainda é vista como uma “instituição sólida e funcionalmente adequada, que as revoluções tecnológicas não exterminarão”. No prefácio, o jornalista Jean-Phillipe de Tonnac escreveu: “Se o livro eletrônico terminar por se impor em detrimento do livro impresso, há poucas razões para que seja capaz de tirá-lo de nossas casas e de nossos hábitos. Os usos e costumes coexistem e nada nos apetece mais do que alargar o leque dos possíveis”.

André Bürger e Christina Lima, do Nós da Comunicação

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