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Terra, Nosso Lar

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida.

A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado. (Carta da Terra)

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Hora do Planeta 2012 já tem data marcada

Hora do Planeta 2012 já tem data marcada: A maior ação mundial voluntária pelo meio ambiente será realizada no dia 31 de março, das 20h30 às 21h30.

Brasil sediará as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente 2012


Repetindo a dose dupla ocorrida há 20 anos, durante a cúpula da terra, o Brasil sediará este ano as celebrações globais do Dia Mundial do Meio Ambiente (World Environment Day – WED), anualmente comemorado no dia 5 de junho. O anúncio oficial foi feito pelo diretor executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Achim Steiner, e pela ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ontem, 22 de fevereiro, na sede do Pnuma em Nairóbi.

E não é somente a sede que as comemorações do WED compartilha com a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável). O tema “Economia Verde: Ela te inclui?” é também um dos principais da cúpula, em tempos de crise mundial. Para o órgão, o assunto é um convite para o mundo avaliar o lugar da Economia Verde no cotidiano, além de estimar se, a partir dela, o desenvolvimento abrange os resultados sociais, econômicos e ambientais necessários em um mundo de sete bilhões de pessoas.

No ano passado, a Índia foi a sede das celebrações. Durante a cerimônia, Achim Steiner declarou que ao escolher o Brasil como sede, volta-se “às raízes do desenvolvimento sustentável contemporâneo para criar um novo caminho que reflita as realidades, mas também as oportunidades do novo século”.

Para justificar a escolha da anfitriã, o Pnuma apontou os dados do seu relatório “Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza”, no qual o Brasil aparece em uma posição de destaque na construção de uma economia que inclui a reciclagem, a energia renovável e a geração de empregos verdes.

Data

As celebrações do WED incluem milhares de eventos no mundo todo. A expectativa é o que o Dia Mundial do Meio Ambiente este ano seja o maior da história, ultrapassando o recorde de 2011, no qual 112 países registraram mais de quatro mil atividades no site oficial da data.

O site, disponível por enquanto somente em inglês, oferece uma plataforma pela qual pessoas do mundo todo podem registrar suas atividades e campanhas. 

Este ano, a data pretende enfatizar o modo como ações individuais podem ter um grande impacto, por meio de atividades que vão desde uma maratona até mutirões de limpeza, exibições, seminários, campanhas, competições, entre outros.

Redação: EcoDesenvolvimento

Lava-jato sustentável no Rio

Á água é um recurso natural finito, cujo uso requer parcimônia e muitos cuidados para evitar desperdícios. Economizar água se tornou uma verdadeira obsessão para todos os setores produtivos, governos e cidadãos. A sustentabilidade é meta de todos e para alcançá-la nem sempre é preciso partir de iniciativas dispendiosas e arrojadas. Pequenos exemplos e iniciativas, como a adotada por um posto de gasolina da Petrobras Distribuidora, no bairro Barra da Tijuca, na capital fluminense, podem ser de enorme eficácia.

Há três semanas, o posto inaugurou seu segundo serviço pioneiro no país, em termos da utilização de energia solar. Trata-se da instalação de um sistema fornecedor de água aquecida pelo sol para a lavagem de veículos. O primeiro foi o carregamento de baterias de carros elétricos, movidos a energia solar.

Essa iniciativa reduz pela metade a quantidade de detergente e em 10% o volume de água por carro no lava-jato do posto. A água que jorra das mangueiras chega aquecida, entre 45 a 50 graus centígrados. O aquecimento é feito por placas solares, fabricadas no Brasil, sem causar emissão de poluentes. A água quente desengordura melhor a superfície dos carros do que a água fria com detergente. E no processo de enxágüe, pelo fato de envolver menos detergente, gasta-se menos água.

“Essa é uma novidade tecnológica e ambiental, ao mesmo tempo”, diz Paulo da Luz Costa, gerente de tecnologia da rede de postos da Petrobras Distribuidora. “Temos orgulho de continuar na vanguarda das iniciativas ambientalmente responsáveis”, acrescenta. O investimento no sistema de água aquecida pela energia solar foi de R$ 40 mil e o retorno deverá ocorrer entre seis a oito meses, segundo ele. Sessenta carros são lavados por dia no posto. No total, o posto economiza cerca de 600 litros de água por dia. 

Foram necessárias apenas duas semanas para adequar o lava-jato à nova tecnologia. “A única mudança foi no local. As bombas têm que ser adequadas com peças de metal, no lugar das de plástico, para suportar a água quente”, explica o gerente. Os clientes estão satisfeitos com os resultados, segundo ele. “Excesso de detergente mancha a pintura”, justifica. Para lavar um carro nos moldes tradicionais, com água fria e detergente, são gastos cem litros de água, segundo pesquisa da Unicamp. 

A rede de postos da Petrobras não fez propaganda a respeito do posto e serviços pioneiros. A notícia está se espalhando via boca a boca e pela mídia, segundo Paulo. Para os donos de postos de gasolina, a novidade é uma ótima solução. “A cada dia que passa, a legislação ambiental está mais exigente para com nossos clientes”, esclarece. 

Empresários de postos de gasolina interessados em conhecer o sistema de aquecimento solar da água para lavagem de veículos podem ligar no Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) da BR Distribuidora: 0800789001. Ou acessar o site: www.br.com.br
Ass.imprensa Br Distribuidora : (21) 3876.5155

Vanessa Brito, da Agência Sebrae de Notícias

Uma garrafa que salva vidas


Olhar no relógio pode ser doloroso depois desse dado: segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a cada oito segundos morre uma criança no planeta vítima de doenças relacionadas ao consumo de água contaminada. O relatório, divulgado pela instituição no Dia Mundial da Água, foi taxativo: mais pessoas morrem devido ao consumo de água contaminada do que por violência no mundo. Estamos tratando, aqui, do lado crônico da “doença”, mas as últimas tragédias que o mundo tem enfrentado – tsunami na Ásia, terremoto no Haiti e no Chile, enchentes no Nordeste do Brasil e no Paquistão, dentre outras – demonstraram que a questão da água é urgente e demanda soluções rápidas, correndo-se o risco de as estatísticas ficarem ainda mais dramáticas.

Visando a ajudar a curar a doença crônica e tirar da manga uma solução em momentos de tragédia, um cientista inglês chamado Michael Pritchard pôs em prática uma ideia genial: criou um produto portátil capaz de filtrar a água – mesmo a mais imunda do planeta – e, em questão de segundos, torná-la potável. Assim nasceu a Lifesaver, espécie de garrafinha mágica, que já chegou ao Brasil, que tira partido da Nanotecnologia através de um sistema de ultrafiltragem altamente avançado projetado para ajudar a salvar vidas oferecendo às pessoas água potável limpa livre de contaminação, por mais remota que seja a localidade. A boa notícia é que através de parcerias com empresas e organizações do terceiro setor, a tecnologia Lifesaver, que conta com a chancela da Organização Mundial da Saúde (OMS), começará a ser levada a regiões como Alagoas e Pernambuco, dois dos estados assolados recentemente por enchentes. 

Durante as recentes intempéries, um dos maiores problemas enfrentados pela população foi justamente a falta de água potável, em meio ao oceano de água suja. No mês de julho, a enchente que atingiu 67 municípios pernambucanos e deixou desabrigadas ou desalojadas mais de 80 mil pessoas também trouxe o fantasma da sede. Foi chamariz, a reboque, para a voraz indústria da água, já que a única saída para a população era comprar garrafas de água mineral a preços exorbitantes ou encarar os carros-pipa, sem a certeza se o líquido consumido era de confiança.

A enchente no interior de Alagoas arrasou 19 cidades, desabrigou 80 mil pessoas e fez 26 vítimas fatais. Mesmo depois de os níveis de água terem baixado, a tragédia continua assombrando a população do Nordeste. Isso porque o perigo das enchentes não reside apenas na força destruidora das águas, mas também nas doenças que o esgoto a céu aberto é capaz de transmitir.

A cidade de Murici, a 35 quilômetros de Santana do Mundaú, por exemplo, foi completamente devastada. Quem perdeu a casa, encontrou teto em galpões de uma fábrica, um local improvisado, cheio de lama, onde as crianças brincavam no lixo. Naquela localidade, mais de 1.5 mil pessoas perderam suas casas e foram abrigadas em locais com condições de higiene precárias, o que facilitou a transmissão de germes que causam vômitos, diarreia, infecções de pele e doenças respiratórias. Em um dos galpões, ficaram abrigadas 50 famílias, que contavam com apenas dois banheiros que viviam entupidos, sem água encanada. A água usada nos banheiros ficava em caixas instaladas na beira da estrada, abastecidas por caminhões-pipa. E aqui o grande problema: a mesma água, de procedência desconhecida, é usada para tomar banho, cozinhar e beber.

“A ideia de trazer o Lifesaver para o Brasil foi uma maneira de prover um benefício imensurável, auxiliando a redução da mortalidade infantil por doenças contraídas a partir do consumo de água contaminada - principalmente nas regiões do Nordeste, Amazônia, Pantanal e comunidades não providas de saneamento e fornecimento de água potável - para pessoas que há anos buscam condições de vida mais dignas”, diz Leonardo Eloi, sócio da Ecotrends Group, empresa carioca que trabalha com produtos sustentáveis e está levando o Lifesaver para o interior do país, através de parcerias com governos estaduais e prefeituras e ONGs que trabalham com ações humanitárias.

Como funciona a Lifesaver

O uso da nanotecnologia permite que poros de aproximadamente 15 nanômetros de diâmetro, usados pelo filtro da tecnologia Lifesaver, sejam capazes de reter qualquer tipo de micro-organismo. Assim, a água que passa ali não só sai inodora e insípida como livre de qualquer organismo vivo já encontrado no planeta. Só para se ter uma ideia, a menor bactéria conhecida pela ciência, a da Tuberculose, tem cerca de 200 nanômetros. O menor vírus, o da Pólio, tem cerca de 25 nanômetros de diâmetro. Como os poros do Lifesaver têm 15 nanômetros de espessura, eles retêm qualquer organismo, deixando a água não só potável como extremamente segura para consumo humano.

A garrafinha Lifesaver usa também a tecnologia FailSafe. Em termos simples, isso significa que quando o cartucho atinge capacidade máxima de filtragem, ele se bloqueia automaticamente, evitando que o usuário beba água contaminada. Neste momento, é preciso trocar o filtro, o que pode levar anos para acontecer, dependendo da quantidade de água filtrada pela unidade de Lifesaver.

“Por ser portátil e de fácil utilização, qualquer criança ou pessoa com menos instrução pode utilizar a garrafa Lifesaver sem problemas. Basta enchê-la (de água suja, inclusive com dejetos humanos e de animais), bombear e beber”, conta Leonardo Eloi.

ONU: 1.5 milhão de crianças com menos de cinco anos morrem por ano por causa de água suja

O consumo de água doente é hoje uma das principais preocupações da ONU, tanto que a entidade divulgou um documento chamado “Sick Water” (Água Doente), no qual afirma que o acesso a água limpa e saneamento básico é direito humano. Durante sua última Assembleia Geral, a organização divulgou, dentre outras informações alarmantes, que 900 milhões de pessoas ao redor do planeta não têm acesso a água limpa. O texto da resolução expressa uma profunda preocupação: 884 milhões de pessoas sofrem de males terríveis causadas por água suja. Tem mais: cerca de 1.5 milhão de crianças abaixo dos cinco anos de idade morrem todo ano por beber água doente, e 443 milhões de dias na escola estão sendo perdidos todo ano por conta de doenças causadas por saneamento básico precário. Ou seja, não é um problema que impacta apenas a saúde pública, mas também a educação.

Foi durante o furacão que assolou Nova Orleans, em 2005, que Michael Pritchard teve a ideia de criar a Lifesaver. Em palestra realizada no TEDGlobal, um dos principais eventos de inovação do planeta (palestra com legenda está disponível em www.ted.com) o inglês contou que estava sentado, depois do Natal de 2004, enquanto assistia às notícias devastadoras sobre o tsunami na Ásia. Disse ele: “Nos dias e semanas que se seguiram, pessoas fugiam para os morros e eram obrigadas a beber água contaminada ou encarar a morte. Isso realmente me impressionou. Alguns meses depois, o furacão Katrina arrebentou parte da América. Pensei: ‘Ok, esse é um país de primeiro mundo, vamos ver o que eles vão fazer’. Dia um: nada; dia dois, nada; foram necessários cinco dias para levar água ao estádio Superdome! As pessoas estavam atirando umas nas outras nas ruas por TV e...água! Foi quando decidi que tinha que fazer algo”, conta Pritchard.

Pritchard fez. E o produto que criou já salvou milhares de vida durante o terremoto do Haiti, em janeiro deste ano, e até hoje o Lifesaver é responsável pelo acesso a água limpa a milhares de haitianos. Naquele país, a Lifesaver foi usada pela ONG Operation Blessing, a mesma que começa a trabalhar ao lado da Ecotrends no Brasil para levar o produto – e suas benesses – aos necessitados do Nordeste. Agora, as duas entidades, em parceria com governos locais, começam a traçar estratégias em conjunto para atuação em caso de enchentes e outras intempéries, além de traçar metas para levar o produto às comunidades que, mesmo localizadas no entorno de grandes cidades, continuam à mercê de água proveniente de poços, lagos, açudes, córregos e até mesmo lama. Tudo para não morrerem de sede. Infelizmente, em muitos casos a sede não mata, mas as doenças que chegam através do líquido precioso, sim.

“De acordo com a Agência Nacional de Águas, 17 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a água potável. Segundo a UNICEF, na América Latina e no Caribe cerca de 20 mil crianças morrem antes de completarem cinco anos de idade devido a diarreias agudas, o que poderia ser evitado mediante o acesso a condições de higiene adequadas, infraestrutura de saneamento e água potável”, completa Eloi.

Elis Monteiro, Especial para Plurale em revista
Foto de Michael Pritchard / Divulgação

Al Gore publica "Manifesto para o Capitalismo Sustentável"


Fabiano Ávila, do Instituto CarbonoBrasil
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos e principal celebridade da luta contra as mudanças climáticas, Al Gore, publicou nesta semana um texto intitulado "Manifesto para o Capitalismo Sustentável”, no qual defende um novo modelo econômico para o crescimento mundial.

Escrito em parceria com David Blood, sócio de Gore na empresa de investimentos Generation Investment Management, o documento afirma que estamos enfrentando um período histórico marcado por muitos desafios perigosos, mas também por incríveis oportunidades.
“As ameaças para o planeta são extraordinárias: mudanças climáticas, escassez de água, pobreza, doenças, desigualdade econômica, urbanização, volatilidade dos mercados e outras mais. A iniciativa privada não pode fazer o trabalho dos governos, mas companhias e investidores podem mobilizar boa parte do capital que é preciso para vencermos os obstáculos que estamos enfrentando”, afirma o manifesto.
O documento pede por um capitalismo mais responsável, que abranja padrões ambientais, sociais e de governança. Segundo os autores, empresas que já adotam esse tipo de postura estão lucrando, enquanto as não compartilham essa visão estão fracassando – como a BP e o Lehman Brothers.
O manifesto recomenda cinco ações imediatas para o setor privado:
- Identificar e incorporar ao planejamento estratégico o real valor de recursos que podem variar drasticamente, como a água.
- Melhorar os relatórios e a comunicação, o que permite que empresários e investidores tomem decisões mais sábias na alocação de recursos.
- Eliminar as metas trimestrais de lucros, que impedem o planejamento em longo prazo.
- Alinhar estruturas de compensação com desempenho sustentável de longo prazo. A maioria das recompensas que as empresas utilizam enfatizam ações de curto prazo e falham ao não premiar iniciativas mais duradouras.
-Incentivar os investidores a reterem as ações das companhias por muitos anos. Se as empresas oferecessem recompensas para os investidores mais fiéis, isso diminuiria a volatilidade dos mercados.
“O capitalismo sustentável criará oportunidades e recompensas, mas também significa que devemos abandonar o modelo do curto prazo. Estamos passando por um momento crucial na economia e no meio ambiente globais, e a necessidade de mudanças nunca foi maior”, conclui o manifesto.
(Instituto CarbonoBrasil)

"As ONGs não nascem para substituir movimentos sociais; nascem para fortalecê-los"


É equivocado dizer que ONG substitui movimento, “pois a própria ONG é movimento, a não ser que o chamado movimento tradicional tenha se acomodado nas suas bandeiras e outras forças políticas a tenham assumido ou levantado”, frisa o membro executivo da Abong.
Ao explicar os objetivos principais das Organizações Não Governamentais (ONGs), Raimundo Augusto de Oliveira afirma, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, que elas, na sua maioria, “nascem numa perspectiva da solidariedade internacional, às lutas dos direitos humanos no Brasil e pela redemocratização e combate à fome e à miséria”. Segundo ele, essa prática solidária tem diminuído nos últimos anos, devido ao lugar que o Brasil tem ocupado no cenário mundial. “A captação de recursos da iniciativa privada ainda é muito incipiente, pois vivemos em um país em que o modelo de economia e de desenvolvimento é muito predador e, em essência, defendemos um modelo de desenvolvimento com respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos, concepção esta que colide com os interesses do capital”.
Um dos problemas vividos pelas ONGs, de acordo com Raimundo de Oliveira, ainda é o pouco reconhecimento da sociedade brasileira do seu trabalho. “Isso provocauma crise de legitimação do trabalho. No nosso caso, ao falar de ONGs, estamos falando das organizações que têm uma identidade com a Associação Brasileira de ONGs – ABONGs. Essas organizações nós a identificamos com identidade política, com um leque de ação e abrangência tão diverso como aprópria sociedade brasileira e deste universo nós sabemos falar, defender e representar”, enfatiza.
Raimundo Augusto de Oliveira é membro executivo da Abong e coordenador da Escola de Formação Quilombo dos Palmares – Equip.
Confira aentrevista.
IHU On-Line – Em que contexto surge o debate de um marco regulatório para as ONGs?
Raimundo Augusto de Oliveira – O contexto de um marco regulatório para as ONGs parte da necessidade de as mesmas dialogarem com os gestores públicos, da necessidade de regulamentar uma relação política que já estava se dando e da legitimidade das ONGs acessarem recursos públicos,já que outros segmentos também já acessavam. Porém, no caso das ONGs, a ausência de uma regulamentação às regras de repasse de recursos públicos são as mesmas para o repasse às outras estâncias de governos. Além disso, pelo fato das organizações não governamentais não serem governos e não assumirem essa condição, elas não poderiam ser tratadas com as mesmas regras. Essa insuficiência jurídica tem causado sérios problemas às ONGs, inviabilizando o seu trabalho na sociedade brasileira, somando-se a isso a dificuldade de se conseguir recursos da cooperação internacional, fonte principal de alimentação das ONGs nos últimos 50 anos.
IHU On-Line – Por que há uma necessidade específica de um marco regulatório para as ONGs?
Raimundo Augusto de Oliveira – A filantropia e as estâncias de governos se regem por um marco regulatório, e as ONGs não se colocam como filantrópicas e nem como governo, mas sim privadas, sem fins lucrativos, lutando por direitos humanos, além do fato de ser nova essa nomenclatura, assim como seu campo político de ação na sociedade brasileira. Diferentemente da filantropia, que traz na sua essência um forte apelo religioso e desde a composição do estado brasileiro, que já nasce com um lugar específico. Situação diferente acontece com as ONGs, que têm uma vida em torno de 60 anos e que têm ainda pouco acúmulo no uso dos recursos públicos. Pelo fato de o suporte financeiro ter sido dado nos últimos 40 anos pela cooperação internacional, essa necessidade nunca foi tão latente como nos últimos dez anos, quando se iniciou a saída do apoio da cooperação internacional às organizações brasileiras, que lutam por direitos e por democracia, devido ao lugar que o Brasil tem ocupado no cenário mundial.
IHU On-Line – O principal problema das ONGS no Brasil, hoje, é de financiamento?
Raimundo Augusto de Oliveira – O universo de ONGs é muito diverso; não dá para fazer um diagnóstico único. Existem várias frentes de trabalhos, algumas têm enfrentado dificuldades mais do que outras. Mas o fator financeiro tem significado muito para a existência do trabalho deste universo de organizações. Existem outros fatores que têm implicado no trabalho das ONGs, pois elas vivem hoje um processo indiscriminado de criminalização, fruto de práticas errôneas provocadas por organizações criadas para atender a interesses políticos dedeterminados segmentos da política brasileira. Além disso, o fato de também se cognominarem ONGs tem causado uma generalização segundo a qual tudo que é ONG é sinônimo de corrupção, o que não é verdade.
Outro problema vivido pelas ONGs no Brasil é o pouco reconhecimento do seu trabalho por parte da. Isso provoca uma crise de legitimação do trabalho. No nosso caso, ao falar de ONGs, estamos falando das organizações que têm uma identidade com a Associação Brasileira de ONGs – Abong. Essas organizações nós a identificamos com identidade política, com um leque de ação e abrangência tão diverso como a própria sociedade brasileira e desse universo nós sabemos falar, defender e representar.
IHU On-Line – Quais são as principais dificuldades para a captação de recursos?
Raimundo Augusto de Oliveira – As ONGs, em sua maioria, nascem numa perspectiva da solidariedade internacional, às lutas dos direitos humanos no Brasil e pela redemocratização e combate à fome e à miséria. Essa prática solidária tem diminuído nos últimos anos, devido ao lugar que o Brasil tem ocupado no cenário mundial.
A captação de recursos da iniciativa privada ainda é muito incipiente, pois vivemos em um país em que o modelo de economia e de desenvolvimento é muito predador e, em essência, defendemos um modelo de desenvolvimento com respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos, concepção esta que colide com os interesses do capital.
A doação individual às ações das ONGs ainda é muito incipiente, pois, devido à cultura religiosa do nosso povo, as doações sempre acontecem com um apelo religioso e nos momentos de catástrofes. E as ONGs nem sempre utilizam desses expedientes, pois estão próximas a uma luta mais de direitos e de mudanças de cultura, de paradigmas e de estrutura da sociedade.
IHU On-Line – Quais são os principais pontos defendidos pela Abong na constituição de um novo marco regulatório das ONGs na relação com o governo?
Raimundo Augusto de Oliveira – A Abong tem defendido nos últimos 20 anos que o acesso a recurso públicos é um direito e é legítimo, pois as ONGs compõem parte do tecido social e o seu trabalho tem impactado na luta pordireitos humanos.
Tem defendido, ainda, maior transparência e lisura no uso dos recursos públicos; tem buscado fazer com que o marco regulatório possa diferenciar as ONGs do campo de direitos das do campo da filantropia, que as ONGs não se confundam com os governos, que possam existir mecanismos de fácil manuseio para informar a população sobre o uso dos recursos, bem como de sua prestação de contas; que o Estado legitime e reconheça o trabalho das ONGs e que elas possam garantir a sua sustentabilidade de forma autônoma sem depender da vontade dos gestores de plantão; que o Estado possa garantir um volume de recursos no Orçamento Geral da União – OGU para ser conveniado com as organizações da sociedade civil, entre outros.
IHU On-Line – Em que pé estão as negociações? Há avanços? É possível que o marco regulatório entre em vigor ainda em 2012?
Raimundo Augusto de Oliveira – Desde as eleições de 2010, a então candidata Dilma recebeu um documento por parte de um conjunto de organizações da sociedade civil, entre elas a Abong, relatando a necessidade de se regulamentar a relação ONGs/governos. A então candidata assinou o documento comprometendo-se em avançar o diálogo na perspectiva de se construir um projeto de lei para ser encaminhado ao Congresso Nacional para apreciação.
Em novembro de 2011, o governo convocou a sociedade civil para um debate e desse evento saiu uma comissão composta por membros do governo e da sociedade civil para trabalhar no caminho de construção de um projeto de lei.
No momento a perspectiva é que, no mês de março, a presidente possa ter em mãos uma minutado projeto de lei para análise e aprofundamentos, para, então, ser enviado ao Congresso Nacional.
IHU On-Line – Quais são as forças políticas refratárias ao marco regulatório?
Raimundo Augusto de Oliveira – O Congresso brasileiro écomposto por uma pluralidade de segmentos e de interesses, e é evidente que existem segmentos tradicionais que não têm interesse que se regularize talrelação e que as ONGs possam ter acesso a recursos públicos de forma transparente e tranquila. Para esses segmentos, que em muitos casos usam do expediente da corrupção e dos desvios de recursos para seus interesses políticos, a regularização não vai lhes favorecer. A nosso ver, as divergências são normais, tratando-se de um estado democrático em que os espaços de poder são compartilhados com todos os interesses. No entanto, esperamos que prevaleça o bom senso.
IHU On-Line – É possível fazer um balanço do número de ONGs no Brasil e de suas áreas de atuação?
Raimundo Augusto de Oliveira – Os dados que se têm é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE a partir do registro de CNPJ. São em torno de 343 mil organizações não governamentais no Brasil, mas é um número ainda incipiente por entendermos que a sigla ONG é um guarda chuva sob oqual tudo cabe. Não temos informações da classificação, ou seja, onde estão e o que fazem. Mas com certeza é um leque extenso como é extensa a própria composição social da sociedade.
IHU On-Line – Muitos acusam as ONGs de substituírem os movimentos sociais em lugar de fortalecê-los. Como se posiciona nesse debate?
Raimundo Augusto de Oliveira – As ONGs não nascem para substituir movimentos sociais; nascem para fortalecê-los. E por fazer parte do tecido social, elas não disputam espaços com movimentos, mas somam-se com eles. Por isso entendemos que é equivocado dizer que ONG substitui movimento,pois a própria ONG é movimento, a não ser que o chamado movimento tradicional tenha se acomodado nas suas bandeiras e outras forças políticas atenham assumido ou levantado. Nesse caso, cabe a cada situação.
(IHU On-Line)

O que é moda sustentável?


E esse tal meio ambiente?
A palavra “moda” vem do latim modus e significa “modo”, “maneira”. É um código que acompanha o vestuário e o tempo, e que tem sido utilizado como uma via de expressão e identificação. Assim, o simples uso das roupas no dia a dia ganha um contexto maior, político, social e até ambiental.

Então o que seria a moda sustentável? Para responder a essa pergunta é preciso pensar em todo o processo de produção da indústria da moda, desde a utilização de materiais orgânicos e a valorização de mão de obra local até formas de reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera.
Utilização de produtos orgânicos
Sabe aquela sua camiseta de algodão? Você deve imaginar que ela é uma roupa ecologicamente correta, certo?
Saiba que para confeccionar uma camiseta de 250 gramas, na China, utiliza-se, em média, 160 gramas de agrotóxicos. Além disso, a maioria dos resíduos produzidos na fabricação da camiseta são despejados em rios. Para que a peça seja realmente sustentável, deve ser feita com algodão orgânico, sem produtos químicos e sustâncias tóxicas em sua produção.
E já que falamos em água, o processo de fabricação de apenas uma calça jeans consome a mesma quantidade de água que uma pessoa precisa para viver durante um ano.
Upcycling

Jason Mraz com seu Eco-tux

Em uma tradução livre, upcycling significa valorização do ciclo. Trata-se do reaproveitamento/reciclagem de materiais em fim de vida útil, transformando-os em algo novo. Algumas técnicas de upcycling estão sendo usadas na reutilização de garrafas PET para fabricação de ternos, conhecidos como Eco-tux.

Uma técnica mais popular, e uma das mais antigas deupcycling, é a customização de roupas; cortar aquela calça fora de moda, tingir uma camisa velha, pregar um botão, e assim transformando o que não se usa mais em roupa nova.
A moda sustentável já invadiu o mundo fashion. Durante a São Paulo Fashion Week, o estilista Alexandre Herchcovitch mostrou em sua coleção masculina peças confeccionadas com tecidoEcoSimple, feito com técnicas de upcycling. Já o estilista Ronaldo Fraga utilizou algodão orgânico cru e também de rendas feitas por artesãs paraibanas e bordadas por artesãs de Pernambuco e de Minas Gerais.
A seguir uma lista sobre Moda e Sustentabilidade feita com informações do siteFashioNYC:
1- A produção de couro para roupas, bolsas e sapatos está entre as que mais poluem o meio ambiente. Isso porque para amaciar o couro são usadas toneladas e mais toneladas de sal, entre outros produtos. Esse sal é dissolvido em água, que vai parar no solo. Anos e anos de produção provocam o acúmulo de água salgada em regiões onde o sal não é parte do ecossistema.
2- Cerca de 8 mil tipos de produtos químicos são usados para transformar matéria-prima bruta em tecidos. Muitos desses produtos provocam danos irreversíveis no meio ambiente.
3- Mais de 11 milhões de toneladas de poliéster (isso mesmo, dá 11 bilhões de quilos) são fabricados por ano. O processo de produção deste tecido demanda um consumo de água muito pequeno, mas, por outro lado, exige uma grande quantidade de energia. As fibras do poliester não são biodegradáveis, mas o tecido é reciclável.
4- O simples uso de uma camiseta básica pode despejar na atmosfera 4 kg de dióxido de carbono durante toda a vida útil da roupa. Isso acontece se ela for sempre lavada a uma temperatura de 60º C, for secada em secadora e passada a ferro. No Brasil, não temos o hábito de usar secadora, mas essa maquininha destruidora de roupas é hábito em vários países, inclusive nos EUA.
5- Quase 100% dos tecidos existentes são recicláveis e a indústria que faz essa reciclagem é capaz de reaproveitar mais de 90% das roupas descartadas. Isso é feito sem gerar subprodutos nocivos ao meio ambiente.
E você? Sabe fazer moda sustentável? Crie uma dica de moda sustentável, customize uma roupa, ou use outras técnicas e envie a foto e a dica para a essetalmeioambiente@gmail.com.
(E esse tal meio ambiente?)

Mudanças climáticas podem levar até 2,5 mil espécies de aves tropicais à extinção



O quetzal-resplandecente, que era venerado por Maias e Astecas como o “deus do ar”, é uma das espécies em perigo. Foto: Çağan Şekercioğlu
Pode haver menos aves para os ornitólogos verem no mundo à medida que o planeta esquenta. As mudanças climáticas, em combinação com o desmatamento, podem levar entre 100 e 2,5 mil espécies de aves tropicais à extinção antes do final do século, de acordo com nova pesquisa publicada no Biological Conservation.
A ampla gama de espécies depende da extensão do clima e de quanto habitat será perdido, mas pesquisadores dizem que a gama mais provável de extinção é entre 600 e 900 espécies, o que significa 10-14% das aves tropicais, excluindo as espécies migratórias.
“As aves são um sinal perfeito para mostrar os efeitos das mudanças globais nos ecossistemas mundiais e nas pessoas que dependem desses ecossistemas”, disse o principal autor e ornitólogo Çağan Şekercioğlu, da Universidade de Utah.
“Comparadas às espécies de clima temperado, que frequentemente experimentam uma ampla faixa de temperatura em uma base anual, as espécies tropicais, especialmente aquelas limitadas a florestas tropicais com climas estáveis, são menos propensas a acompanhar as mudanças climáticas rápidas.”
Şekercioğlu e seus colegas pesquisaram 200 estudos científicos relacionados a aves tropicais e mudanças climáticas para desenvolver sua estimativa, que acompanha estimativas anteriores do declínio de aves ligado ao aquecimento do planeta.
As aves mais suscetíveis aos impactos das mudanças climáticas incluem espécies de altitudes elevadas, que podem literalmente ficar sem habitat, e as já restritas a faixas pequenas. Um aumento nos eventos climáticos extremos, como secas e tempestades, pode também colocar em perigo algumas espécies.
A intensidade crescente de furacões, mesmo se a frequência diminuir, pode ameaçar aves costeiras, enquanto longas secas podem prejudicar a capacidade das aves de encontrar alimento durante a estação de reprodução. A Amazônia, por exemplo, sofreu duas secas recordes nos últimos sete anos, levando muitos cientistas a temer pela flexibilidade ecossistêmica frente às mudanças climáticas.
As doenças podem também representar um problema. A malária deve se espalhar para altitudes e latitudes mais altas, possivelmente colocando em risco algumas espécies de aves tropicais. O aumento do nível do mar pode também representar um problema para aves costeiras e insulares.
“Nem todos os efeitos das mudanças climáticas são negativos, e mudanças nos regimes de temperaturas e de precipitação beneficiarão algumas espécies”, afirmou Şekercioğlu. Por exemplo, o tucano de peito amarelo (Ramphastos sulfuratus) viu sua faixa aumentar para altitudes mais altas como resultado das mudanças climáticas.
No entanto, o seu ganho foi a perda de outra espécie: o quetzal-resplandecente (Pharomachrus mocinno), uma ave de altitudes mais altas, tem agora que competir com o tucano por ninhos e enfrentar a ameaça de tucanos predando os ovos e filhotes de quetzal. A competição súbita entre o tucano de peito amarelo e o quetzal-resplandecente mostra como as mudanças climáticas podem afetar as espécies de formas inesperadas.
Mesmo que um mundo mais quente possa beneficiar algumas poucas espécies, Şekercioğlu acrescentou que “as mudanças climáticas não beneficiarão muito” e o resultado final será uma perda significativa na biodiversidade das aves.
Atualmente, o clima global esquentou cerca de 0,8 graus Celsius desde a Revolução Industrial. Enquanto os governos globais se comprometeram manter o aquecimento abaixo dos dois graus Celsius, as promessas atuais de cortes de emissões passam longe dessa meta. Porém, alertam os cientistas, um único grau adicionado no aquecimento poderia levar à extinção de 100 a 500 espécies de aves tropicais a mais.
Os cientistas recomendam mais pesquisas e um melhor monitoramento das aves tropicais. Além disso, áreas protegidas devem ser criadas ou expandidas para preencher as lacunas para espécies de aves e terras degradadas restauradas. A transferência de algumas espécies também pode se tornar necessária.
“No entanto, tais esforços serão correções temporárias se não conseguirmos atingir uma mudança social importante na redução do consumo, no controle das emissões de gases do efeito estufa e na interrupção das mudanças climáticas”, escreveram os autores.
“Caso contrário, enfrentamos a perspectiva de um clima fora de controle que não apenas levará a um enorme sofrimento humano, mas provocará a extinção de milhares de organismos, entre os quais as aves tropicais serão apenas uma fração do total.”
Jeremy Hance, do Mongabay
(Instituto CarbonoBrasil)

A "rua mais bonita do mundo" é brasileira e cheia de árvores

A Rua Gonçalo de Carvalho (foto abaixo) ganhou fama internacional pela internet. Após ser tema de publicações em dois blogs relacionados às árvores, ela ficou conhecida como a “rua mais bonita do mundo” e agora é ponto turístico para aqueles que visitam Porto Alegre.

Decretada Patrimônio Histórico, Cultural, Ecológico e Ambiental do município em junho de 2006, os seus quase 500 metros de túnel verde ficaram conhecidos não só pelas árvores, mas também pela ação dos moradores locais pela preservação.
Em 2005, quando uma empreiteira queria construir um estacionamento, trocar o paralelepípedo pelo asfalto e derrubar algumas árvores do local, moradores e adminiradores da rua se uniram para impedir o projeto.
Depois da mobilização, o caso foi para a justiça e a construtora desistiu do estacionamento. Pouco tempo depois a rua virou Patrimônio ambiental de Porto Alegre.
De acordo com o portal G1 de notícias, as imobiliárias não conseguem fazer um levamento sobre a valorização da Gonçalo de Carvalho desde que virou um patrimônio. As explicações chegam quase ao mesmo fim: não há quantidade considerável de ofertas na rua.
Os moradores são antigos e alguns até ajudaram a plantar, há mais de 70 anos, as árvores que hoje formam o túnel verde. As tipuanas, espécie maioria na Gonçalo, são altas, com galhos e folhas grandes, que se espalham no alto dos troncos. Eles proporcionam sombra no verão e claridade no inverno, quando praticamente todas as folhas caem.
O amor e respeito como são tratadas pelos moradores, fazem com que se dediquem a elas e se sintam atingidos quando alguém comete um ato de vandalismo. Uma das árvores já foi queimada e pichada, outra pregaram um aviso sobre lixo, mas nenhum sofreu tanto quanto a placa de identificação de Patrimônio Ambiental, que já foi recolocada três vezes.
(EcoD)


Conheça as frutas de cada estação

O consumidor encontra, hoje em dia, grande variedade de frutas nas feiras livres e supermercados durante todo o ano. Essa disponibilidade resulta do uso de algumas modernas técnicas de produção agrícola, envolvendo adubagem e sementes modificadas. Mas há obviamente a época da safra natural, isto é, a época em que a natureza produz a fruta sem necessidade de uma intervenção tecnológica mais intensa. Daí a expressão popular “fruta da estação”, como é o caso da uva e da manga em meses mais quentes.

O engenheiro agrônomo e pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), Domingo Haroldo Reinhardt, explica que qualquer tipo de produção em escala comercial faz uso dessas técnicas, o que possibilita a oferta do produto fora de sua época natural.
Para ampliar a janela de oferta ao longo do ano, a produção orgânica usa técnicas de adubagem a partir de resíduos vegetais e animais para enriquecer o solo e potencializar a produção. “Esse processo não tem muita interferência no produto final. A fruta amadurece fora de sua época, mas obedece a seu ciclo natural”, explica Reinhardt. Os fertilizantes químicos, muito usados na agroindústria, aumentam o teor de água dos produtos reduzindo seu valor nutritivo e seu sabor, além de empobrecerem o solo em longo prazo. “A utilização dos adubos químicos, dos defensivos agrícolas e das sementes modificadas formam um círculo vicioso, porque essas plantações necessitam cada vez mais de adubação e proteção de químicos para se desenvolver”, explica o pesquisador da Embrapa.
Por respeitarem o ciclo natural de amadurecimento, as “frutas da época” têm sabor mais próximo ao original e acumulam mais nutrientes. “Além disso, devido à maior oferta no período, os preços tendem a baixar, o que gera economia para o consumidor final”, diz o engenheiro agrônomo Cloves Ribeiro Neto, do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf).
As “frutas da estação” comumente são produzidas em locais próximos aos seus pontos de distribuição. Optar por consumi-las contribui para a redução do impacto ambiental uma vez que essa prática “impulsiona a economia local, diminuindo as distâncias entre produtor e consumidor, o que reduz o desperdício de produtos durante o seu transporte”, completa Cloves.
Estação das frutas
(Instituto Akatu)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Cartilha orienta trabalhadores sobre uso de agrotóxicos


Os trabalhadores rurais ganharam mais uma ferramenta para aprender sobre o uso correto de agrotóxicos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou cartilha com dicas de como evitar intoxicações por essas substâncias químicas e com informações sobre o uso seguro desses produtos.

A cartilha ensina como os trabalhadores podem identificar os principais sintomas de intoxicação aguda por agrotóxicos, seja por via oral, dérmica e inalatória. “Com esse material em mãos, a população terá acesso a orientações sobre como agir e qual socorro buscar no caso de intoxicação por agrotóxicos”, afirma o diretor da Anvisa, Agenor Álvares. 

Além disso, a cartilha apresenta recomendações que devem ser observadas no momento da compra de agrotóxicos. “O agricultor deve lembrar que existem agrotóxicos específicos para cada cultura, para cada praga e para cada fase do plantio. Sem falar que deve sempre pedir explicações sobre a melhor maneira de manipular esses produtos e sobre os equipamentos de proteção individual que devem ser utilizados durante o manejo dessas substâncias”, orienta o diretor da Anvisa.

A publicação da Agência também instrui os agricultores sobre as informações de classificação toxicológica dos agrotóxicos e as cores de rótulo e bula relacionadas a cada uma dessas classes. Agrotóxicos classe I são extremamente tóxicos e são representados pela cor vermelha, os classe II são a altamente tóxicos e estão relacionados com cor amarela.

Já os agrotóxicos classe III são medianamente tóxicos e devem ser representados pela cor azul e os pouco tóxicos são de cor verde e estão na classe IV. “Essa classificação indica o grau de risco envolvido e não significa, de forma alguma, que os produtos das classes I e II são melhores que os demais no combate de pragas e doenças”, explica Álvares.

Outros pontos tratados pela cartilha dizem respeito à forma correta de transportar, utilizar, guardar e descartar agrotóxicos. O material ensina, ainda, o trabalhador rural a compreender melhor as informações de rótulo e bula desses produtos.

Dados

De acordo com o último levantamento do Sistema Nacional de Informações Tóxico - Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz, foram registrados 11.641 casos de intoxicação por agrotóxicos no Brasil, em 2009, com 188 óbitos. Dados das próprias indústrias de agrotóxicos apontam que, desde 2008, o Brasil assumiu o posto de maior consumidor de agrotóxicos em todo mundo, com um mercado que movimentou mais de US$ 7 bilhões, naquele ano.

Já o Programa de Análise Resíduos de Agrotóxicos da Anvisa identificou irregularidades em 28% das 2.488 amostras coletadas pelo Programa em 2010. Deste total, em 24, 3% dos casos, os problemas estavam relacionados à constatação de agrotóxicos não autorizados para a cultura analisada.

Já em 1,7% das amostras foram encontrados resíduos de agrotóxicos em níveis acima dos autorizados. “Esses resíduos indicam a utilização de agrotóxicos em desacordo com as informações presentes no rótulo e bula do produto, ou seja, indicação do número de aplicações, quantidade de ingrediente ativo por hectare e intervalo de segurança”, evidencia Álvares. 

Nos 1,9% restantes, as duas irregularidades foram encontradas simultaneamente na mesma amostra.

Distribuição

No total, foram impressos 20 mil exemplares da cartilha. Desse quantitativo, metade foi distribuída para os órgãos de vigilância sanitária estaduais e a outra metade será encaminhada para a Associação Brasileira de Supermercados, Ministério da Agricultura, Ministério da Saúde e Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). O material também está disponível na página da Anvisa na internet.

O diesel do inferno


O inferno sempre foi mostrado como sendo um local de sofrimentos, muito quente e cheio de enxofre no ar. Modernamente, seria como um local fechado e cheio de caminhões brasileiros desregulados e soltando pelo escapamento aquela conhecida fumaça escura e cheia de enxofre. Por que caminhões brasileiros? Pela simples razão de que o Brasil é um dos países que consome o pior diesel do mundo em termos de enxofre contido.
O enxofre é um dos maiores poluentes da atmosfera e causador da chuva ácida, que tanto mal faz ao meio ambiente. Quando o então presidente Collor falou que os carros brasileiros eram carroças, ele se esqueceu de dizer que os combustíveis também eram condizentes com as carroças. Infelizmente, após mais de 20 anos, muito pouco mudou neste cenário.
A Europa, o Japão e muitos outros países utilizam um diesel com 10 ppm (partes por milhão) de enxofre. Nos EUA, o limite é 15 ppm. Aqui no Brasil, é fabricado diesel com 1.800-2.000 ppm  para a frota em geral e 500 ppm para consumo somente em algumas cidades onde a poluição é crítica. Em 2002, o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) determinou que fosse utilizado um diesel com 50 ppm a partir de 2009. Quando o prazo se esgotou, a ANP (Agencia Nacional de Petróleo), a Petrobrás e as montadoras, disseram ser impossível cumprir a determinação. Ela acabou sendo adiada e até hoje não foi cumprida.
Agora, neste início de 2012, voltam a falar sobre os projetos de produção de um diesel mais limpo, com 50 ppm de enxofre, como sendo um grande avanço, quando na Europa já se fala em 5 ppm. Em outras palavras, o nosso diesel atual é 200 vezes mais poluente que o diesel europeu e as determinações do Conama vão sendo descumpridas e adiadas. Os nossos carros são mais caros, de pior qualidade, utilizam motores obsoletos em seus países de origem, consomem mais combustível e poluem muito mais. Como explicar isto?
Certa vez, quando questionado sobre os altos preços dos seus carros no Brasil, o presidente da Peugeot argumentou: por que a Louis Vuitton deveria baixar os preços de suas bolsas no Brasil? Um executivo da Mercedes-Benz foi mais taxativo: por que baixar o preço se o consumidor paga?  Da mesma forma, por que fazer um diesel de melhor qualidade, se o consumidor usa qualquer coisa? Em contrapartida, respiramos um ar mais poluído e cheio de enxofre, como deve ser o ar do inferno, descrito por Dante Alighieri no seu épico poema “A Divina Comédia”.
Célio Pezza - Escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, e o seu mais recente, A Palavra Perdida. Saiba mais em www.celiopezza.com