Dou-lhe às boas vindas

Terra, Nosso Lar

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida.

A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado. (Carta da Terra)

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Por um Mundo melhor para todos

sábado, 20 de novembro de 2010

Clickarvore abre inscrições para doação de mudas a proprietários de terra

Proprietários de terra interessados em restaurar suas propriedades já podem se inscrever no segundo edital do Programa Clickarvore, que disponibilizará 201 mil mudas para esse fim.
Para esse edital, podem se inscrever proprietários das seguintes regiões: Sul e Sudeste de Minas Gerais; Oeste de São Paulo; Sudoeste e Leste do Mato Grosso do Sul; Norte, Central e Noroeste do Paraná. A porcentagem de mudas destinada para cada região é definida pelos internautas, que votam no site www.clickarvore.com.br
Além do plantio, em sua nova fase o Clickarvore também estimula a adequada manutenção das espécies restauradas: em cada área de abrangência do edital há um viveiro que orientará o proprietário na execução do projeto; se os resultados para a biodiversidade e para a conservação forem atingidos, após três anos o proprietário receberá um incentivo, que poderá ser investido nas atividades agropecuárias de sua propriedade.
Queremos mostrar que é possível fazer a restauração florestal e a adequação ambiental desta propriedade, continuando a produção agropecuária e ainda receber um incentivo por isso”, explica Aretha Medina, coordenadora do Clickarvore.
O programa é uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica e o Grupo Abril com o objetivo de estimular a restauração da Mata Atlântica, com a participação de internautas e de uma grande rede de parceiros. As mudas disponíveis nesta fase são patrocinadas pelo Grupo Schincariol-Fruthos, Earth Day Network /Avatar Home Tree Initiative, Editora Melhoramentos e WAP.
Saiba mais sobre o edital e o Programa em www.clickarvore.com.br.

Alimentação orgânica: meio ambiente protegido

 O mercado de orgânicos vem crescendo no Brasil em média 22,5% ao ano, segundo o Centro Internacional de Comércio. O Paraná é o segundo maior produtor de orgânicos do Brasil, com cerca de 7,5 mil agricultores dedicados ao cultivo alimentos sem o uso.
A produção desses alimentos não faz uso de produtos químicos sintéticos, como fertilizantes e pesticidas, nem de produtos geneticamente modificados. O cultivo orgânico não causa danos ao meio ambiente, além de não prejudicar a saúde.
Neste ano os vereadores aprovaram o projeto que cria a merenda orgânica para as escolas municipais, esta foi uma maneira de incentivar e apoiar a agricultura sustentável e o consumo desses produtos.
Em Maringá hortaliças produzidas no sistema orgânico podem ser encontradas na Feira do Produtor, Feira Verde e em alguns supermercados. O Programa dos Produtores Orgânicos de Maringá (POMAR), possui cerca de 100 associados que se preocupam com a qualidade dos alimentos, com a qualidade de vida e com a natureza.

jornalismoemteste.com.br

PROGRAMA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL RIO DE JANEIRO 

Em 17 de dezembro de 1999, foi promulgada a Lei Nº 3325 que dispôs sobre a Educação Ambiental, instituiu a Política Estadual de Educação Ambiental, criou o Programa Estadual de Educação Ambiental e complementou a Lei Federal Nº 9.795/99 no âmbito do Estado do Rio de Janeiro. Nesses dez anos, muitos desafios foram vencidos e diferentes ações foram desenvolvidas visando à implementação e à consolidação das disposições contidas na Lei.
Em acordo com a Política Estadual de Educação Ambiental, a Secretaria de Estado do Ambiente e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com o apoio da Secretaria de Estado de Educação, organizaram em dezembro de 2009 o SEMINÁRIO "OS 10 ANOS DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO RIO DE JANEIRO". O Seminário teve como objetivo realizar uma retrospectiva dos desafios e ações nestes dez anos de políticas públicas de Educação Ambiental no território do Rio de Janeiro e iniciar uma ampla Consulta Pública para a construção participativa das diretrizes do Programa Estadual de Educação Ambiental do Estado do Rio de Janeiro.

Dando continuidade ao processo de construção coletiva do Programa Estadual de Educação Ambiental do Rio de Janeiro está sendo realizada uma Consulta Pública por meio de encontros presenciais e de contribuições postadas na plataforma virtual.
    1. Encontros Presenciais.
    Estão divididos em:
      *Reunião Preparatória - Visa identificar e mobilizar instituições públicas e privadas, organizações não-governamentais, educadores ambientais e grupos sociais, locais e regionais, para a participação qualificada nos Encontros Regionais.
      *Encontro Regional - Possibilita a discussão e a construção do ProEEA-RJ como um processo democrático, de consulta popular ampla e participativa. Considera as especificidades dos territórios (históricas, culturais, econômicas, geográficas, ecológicas e sociais), propiciando discussões que poderão trazer aspectos diferenciados e enriquecedores à construção do ProEEA-RJ.
    2. Plataforma Virtual
    A plataforma pode ser acessada no endereço: http://proeearj.cederj.edu.br. Na plataforma encontram-se o Texto-Base do ProEEA-RJ, aprovado pelo GIEA, as informações sobre o processo de construção coletiva do programa e o cronograma das Reuniões Preparatórias e Encontros Regionais. Os interessados em contribuir com sugestões/comentários sobre o texto-base podem fazê-lo mediante um cadastro, disponível na própria plataforma.

O lado ecológico da Monsanto

A multinacional de sementes e insumos agrícolas Monsanto é a inimiga número 1 dos verdes. A empresa, que há dez anos lançou a revolução da biotecnologia no campo, foi vilanizada pelos ecologistas por causa das sementes transgênicas. Mas a empresa tem uma boa ação ambiental. A Monsanto tem um projeto em parceria com a ONG Conservação Internacional (CI) para investir US$ 13 milhões até 2013. São ações com produtores rurais nos corredores de biodiversidade no cerrado (na região das fotos deste post) e na Mata Atlântica de vários estados do Nordeste, para interromper o desmatamento e apoiar a criação de unidades de conservação.
Na Mata Atlântica, o programa já resultou na criação de duas unidades de conservação privadas. Também ajudou a criar a Área de Proteção Ambiental Aldeia Beberibe, na Região Metropolitana de Recife (Pernambuco), e no desenvolvimento do plano de manejo da Estação Ecológica de Murici (Alagoas). Além disso, ajudou a formar uma rede de gestores de unidades de conservação no chamado Centro de Endemismo Pernambuco, área marcada por grande biodiversidade, alto índice demográfico e predomínio da cultura de cana-de-açúcar que inclui as florestas costeiras situadas ao norte do rio São Francisco e abrange os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
No cerrado, do oeste baiano, a ação se concentrou nas baicias dos rios Preto, Ondas e Branco. A equipe do programa orientou os proprietários a conservar o que retsou de suas matas. Também fizeram reflorestamento principalmente para recuperar Áreas de Preservação Permanente (APPs), com mudas produzidas por comunidades locais.
Estamos desenvolvendo ações que visam garantir a sustentabilidade nas paisagens produtivas, com boas práticas no uso do solo, evitando o desmatamento ilegal e a extinção de espécies”, diz Fábio Scarano, diretor-executivo da CI-Brasil. “Essas ações contam com o envolvimento de funcionários da Monsanto, agricultores, instituições parceiras e sociedade civil nas regiões do projeto.” Para a Monsanto, trabalhar com a CI foi bom para a missão da empresa. “A interação entre os profissionais da nossa empresa e os líderes da CI fortaleceu a compreensão do nosso compromisso de desenvolver tecnologias que possam produzir mais, conservando recursos naturais e melhorando a qualidade de vida de quem produz e consome”, diz Gabriela Burian, gerente de Sustentabilidade da Monsanto do Brasil.

(Alexandre Mansur)
Fotos: CI – Mario Barroso

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sustentabilidade no mar

A halicondrina B é um composto anticâncer de origem marinha. Para se obter 350 miligramas da substância no ambiente natural é preciso coletar 1 tonelada de esponjas da espécie Lissodendoryx, na qual a halicondrina é encontrada.
Por conta disso, um trabalhado de bioprospecção mal planejado pode simplesmente provocar a extinção da espécie, o que já aconteceu localmente com esponjas em algumas regiões da costa europeia.
O exemplo foi usado pelo professor Renato Crespo Pereira, da Universidade Federal Fluminense (UFF), para ilustrar a importância de se planejar a exploração sustentável da biodiversidade marinha.
Pereira proferiu a palestra “Compostos bioativos de organismos marinhos: como prospectar e preservar esse potencial” no Workshop sobre Biodiversidade Marinha: Avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia, realizado nos dias 9 e 10 de setembro na sede da FAPESP, na capital paulista.
A despeito de todas as dificuldades, o pesquisador afirma que o Brasil não pode deixar de explorar seus biomas marinhos. “O país já se encontra bem atrás de outros na exploração da biodiversidade dos oceanos. Países da Oceania, da Ásia, da Europa e da América do Norte apresentam atividade de pesquisa muito mais intensa em seus sistemas costeiros”, disse.
Segundo ele, as condições adversas presentes nos oceanos, como as variações de temperatura, que vão de registros negativos até 350º C, e de pressões, que variam de uma a mil atmosferas, fazem dos mares o ambiente propício para o desenvolvimento de metabólitos secundários extremamente complexos e sem paralelo nos ambientes terrestres.
Substâncias que combatem fungos, bactérias e inflamações são alguns exemplos de produtos que vieram do mar e que justificam a intensificação das pesquisas marinhas no país, que ainda são incipientes. “Justamente por estar começando nesse trabalho de prospecção marinha é que o Brasil deve começar a pensar nos rumos que quer tomar”, afirmou.
Para o professor da UFF, há uma série de questões que devem ser levadas em conta para balizar a maneira de se explorar os recursos oceânicos, especialmente o fato de a natureza conseguir suprir a demanda da ciência e, posteriormente, de mercado por aquela substância.
Pereira ilustrou com o caso da descoberta de uma alga encontrada somente em uma ilha brasileira. “Devemos nos perguntar: vale a pena fazer toda uma pesquisa a respeito dela para depois ver que não há algas suficientes para suprir a indústria?”, colocou.
Antes mesmo de se iniciar uma pesquisa de compostos bioativos marinhos seria preciso verificar se a natureza tem condições de fornecer a matéria-prima em quantidade necessária. “Muitas vezes não encontramos o suficiente nem mesmo para os testes de bioatividade, o que dizer então da utilização comercial em maior escala”, alertou.

Reprodução em laboratório

Pereira afirma ser necessário olhar o processo como um todo a fim de não realizar pesquisas em vão ou que acabem provocando impactos perigosos como a extinção de espécies.
Se conhecemos o gargalo, às vezes é melhor começar a pesquisa por ele, ou seja, primeiro desenvolver métodos de reprodução daquele organismo marinho para depois testar os seus compostos”, disse.
Alternativas interessantes, segundo o professor da UFF, seriam investimentos em pesquisas em genômica e proteômica que desenvolvam o cultivo de organismos marinhos. Esses trabalhos ajudariam a reproduzir em laboratório moléculas e organismos de interesse científico e comercial.
A bioprospecção brasileira deve considerar vários objetivos: conservar a biodiversidade, promover o manejo sustentável dos organismos para a fabricação de produtos naturais e, é claro, encarar a biodiversidade como um valioso recurso econômico para o país”, disse.
Fabio Reynol, da Agência FAPESP 

Saiba como descartar o mercúrio

Contato com o metal, que é altamente tóxico, pode causar problemas renais, respiratórios e até danos irreversíveis no sistema nervoso
No começo do mês de outubro, 12 pessoas foram hospitalizadas, na cidade de Rosana, interior de São Paulo, depois de entrar em contato com mercúrio depositado em 20 frascos jogados em um terreno municipal. As vítimas apresentaram febre, diarreia, vômito, irritações na pele e duas crianças ficaram internadas por uma semana.
A Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) interditou a área onde o material foi encontrado, o município foi multado em R$ 82 mil e uma investigação está em andamento para se descobrir a procedência dos objetos. Casos como este escancaram dois problemas sérios: quão perigoso é o contato com metais pesados, como o mercúrio – que está presente nas nossas casas em termômetros, lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias de notebook e celular –, e o descaso do cidadão e do poder público com o descarte desse tipo de material.
Fernando Barbosa Jr., professor de toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, alerta que o simples contato com uma lâmpada fluorescente ou com um termômetro, após a quebra, pode levar à inalação de vapor de mercúrio proveniente do material e, mesmo em baixas quantidades, causar febres, tremores, sonolência, náuseas, fraqueza muscular, delírios, reflexos lentos e dores de cabeça.
O contato direto do mercúrio com a pele e os olhos causa coceira e vermelhidão, como se fosse uma irritação alérgica. A ingestão pode provocar úlceras no estômago. E uma exposição mais duradoura interfere no metabolismo celular, resultando no mau funcionamento de rins, fígado, pulmão e cérebro.
O contato do mercúrio na pele é menos prejudicial do que inalar. “Se a inalação ocorrer com elevadas quantidades, ela pode ser fatal. Crianças são muito mais suscetíveis aos efeitos tóxicos”, diz Barbosa Jr. Elas são particularmente vulneráveis porque o mercúrio interfere no sistema neurológico, ainda em desenvolvimento em bebês e crianças. A exposição ao vapor do metal nesta fase da vida pode reduzir as capacidades cognitivas, de memorização, atenção, aquisição de linguagem, habilidades motoras e noção de espaço.
O QUE FAZER
Quando uma lâmpada ou termômetro contendo mercúrio é quebrado, a primeira atitude é isolar a área, fechar portas e janelas e usar um equipamento mínimo: máscara cirúrgica descartável e luva reforçada para que não haja o risco de contato. Como o mercúrio aparece no estado líquido em temperatura ambiente, o ideal é recolher o metal com uma seringa sem agulha e colocá-lo em um recipiente plástico contendo água; a água reduz a possibilidade da evaporação. A área afetada pelo objeto tem de ser descontaminada com uma mistura de água sanitária e água. Após a limpeza, deve-se abrir novamente portas e janelas para ventilar o ambiente.
O recipiente com o mercúrio tem de ser bem vedado com fita adesiva e entregue a um dos locais que fazem o descarte correto. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda depositar o material nos pontos que recebem pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes (veja a lista abaixo), já que as empresas que fazem o recolhimento são especializadas em separar e reciclar metais tóxicos.
Em 2008, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) editou a Resolução 401/08, responsabilizando os produtores sobre o descarte correto de objetos que contêm mercúrio, porém somente para pilhas e baterias em geral. Em agosto deste ano, a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento cria a logística reversa, obrigando fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores a recolher certos produtos, após o uso pelo consumidor final. O programa prevê o recolhimento de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes. A regulamentação da logística reversa deve se apresentada até o final de novembro. A partir de sua publicação, as empresas têm até 2014 para se adaptar à nova lei. Enquanto o processo segue seu curso, já é possível descartar corretamente em razão de algumas iniciativas.
O DESCARTE CORRETO
Antes mesmo de a PNRS ser aprovada, algumas lojas, supermercados e drogarias já recolhiam o material residencial com mercúrio, realizando a logística reversa. Alguns sites especializados ainda reúnem listas com endereços para se fazer o descarte correto.
ONDE O MERCÚRIO É USADO:
Termômetros
Lâmpadas fluorescentes
Barômetros
Baterias
Amálgamas dentários
Laboratórios médicos e hospitalares
Indústria
Mineração
O QUE PODE OCORRER COM QUEM FICA EXPOSTO AO MERCÚRIO:
Febre, tremores, sonolência, delírios, fraqueza Muscular, náuseas, cefaléia, reflexos lentos, memória falha, mau funcionamento dos rins, fígado, pulmão e sistema nervoso
Instituto Akatu

Fórum Nacional Sustentabilidade na Prática

Fórum Nacional Sustentabilidade na Prática

O Transporte dos Cariocas

70% das espécies comerciais pesqueiras estão sob risco de colapso

No mundo 70% das espécies comerciais pesqueiras estão com estoques baixos; no Brasil, índice chega a 80% no Sudeste
A redução drástica da população de algumas espécies de peixes e crustáceos e o desaparecimento de outras foram tema de debate na Conferência da Biodiversidade, em Nagoya, Japão, que acabou na sexta-feira. Especialistas repisaram o alerta: por milênios o ser humano encarou o mar como fonte inesgotável de alimento, mas isso não vale mais, não no planeta de 6,6 bilhões de habitantes. O grande vilão do fenômeno é a pesca desordenada, que no Brasil já ameaça mais de 80% dos estoques do Sul e Sudeste e 50% no Norte e Nordeste.

O relatório Global Ocean Protection, recém-lançado em Nagoya, é claro. “Alguns estoques estão próximos do colapso e não deveriam mais ser pescados. E todos deveriam ser alvo de planos de uso sustentável de longo prazo”, afirma Caitlyn Toropova, uma das autoras do estudo.
Relatório divulgado este mês pela ONG World Wildlife Foundation indica que 70% das espécies comerciais do mundo, como o bacalhau do Atlântico Norte e o atum do Mediterrâneo, estão com estoques baixos.
No Brasil, o Censo da Vida Marinha divulgado este mês pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) indica que, das 1.209 espécies de peixes catalogadas na costa e nos estuários, 32 são sobre-exploradas. O caso dos crustáceos é ainda pior: a sobrepesca afeta 10 de 27 espécies.
A situação é agravada pela falta de políticas de ordenamento da atividade pesqueira. O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA)calcula em 350 mil o número de pescadores profissionais do País, que respondem por 70% da captura de espécies marinhas na costa. De acordo com o MPA, existem 60 mil embarcações artesanais e cerca de 10 mil industriais nos 3,5 milhões de quilômetros de quadrados de mar sob jurisdição brasileira.
Pelos números oficiais, foram tiradas dos mares brasileiros 585.671,5 toneladas de pescado em 2009. Mas o sistema de licenciamento, a permissão para a pesca de uma determinada espécie, foi criado nos anos 70 e 80, quando os estoques eram outros.
É comum, na ausência de um recurso para o qual tem permissão de pesca, que o pescador se volte para outro. A verdade é que não se sabe quem está pescando o quê e com qual licença”, diz o professor Jose Angel Alvarez Perez, integrante do Grupo de Estudos Pesqueiros da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina.
Segundo Perez, existem espécies em que há sobrepesca há décadas, para as quais não se deveria mais conceder licenças de captura, como a corvina. “E há outras, como os linguados, para as quais não há nenhuma instrução normativa para a captura.”
Na Europa, diferentes países dividem os recursos e isso favoreceu a normatização e a geração de informações. Os primeiros relatos de sobrepesca na Europa datam do século 19”, afirma Antonio Olinto Ávila da Silva, pesquisador do Instituto de Pesca (IP) de São Paulo.
No entender de Perez, da Univali, o problema não é tanto de falta de informação, mas de adoção de políticas efetivas. “Em 2004 o MMA lançou uma lista das espécies ameaçadas de extinção e pela sobrepesca. A ideia era que, a partir da lista, o sistema de licenciamento para embarcações pesqueiras fosse revisto.”
A presidente da Associação Litorânea Extrativista do Estado de São Paulo Isaura Martins dos Santos, de 54 anos, confirma a informação sobre o déficit de monitoramento. “A gente pesca tudo quanto é tipo de peixe, carapeva, parati, peixe-espada, corvina. Não fazemos uma pescaria específica, isso só de camarão, mas o que acontece é que a escassez é para tudo. O que diminuiu foi a quantidade, não o tamanho”, argumenta Isaura, que, além de pescar há 24 anos, é casada com um pescador.
Um dos problemas apontados por especialistas é a falta de entrosamento entre as instituições responsáveis pelo licenciamento e pela fiscalização da pesca. “Imaginávamos que a criação do Ministério da Pesca fosse melhorar o problema da governança, mas isso não aconteceu, porque o MPA e o MMA não trabalham integrados. O MPA existe para fomentar a produtividade e tem mais força política do que o MMA”, diz Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace.
Passivo. “A nova Lei de Pesca foi sancionada no ano passado, mas há três anos estamos criando um novo sistema de permissões. Só que o passivo é muito grande”, diz Cleberson Carneiro Zavaski, secretário-executivo do MPA. “No passado foi incentivado um crescimento desordenado que potencializou a sobrepesca de algumas espécies.”
Para Ávila, do IP, é preciso diferenciar sobrepesca de colapso. Segundo ele, se bem administrada a sobrepesca é uma ferramenta importante para o manejo dos estoques. “Quando você pesca mais do que deveria, significa que o estoque que ficou na água vai ter mais condições de se reproduzir: mais espaço, mais alimento etc. Só quando há sobrepesca por anos seguidos é que os estoques começam a cair.”
A pesca tem uma importância muito mais social do que econômica e as políticas públicas deveriam levar isso em conta. No Estado que mais pesca no País, Santa Catarina, a participação da pesca no PIB é risível”, diz Ávila. “O processo de gestão pesqueira tem de ser participativo. Não adianta criar uma boa lei se não houver um trabalho intenso com uma população pouco alfabetizada, para a qual a pesca artesanal é a principal fonte de renda.”
TUBARÃO
Barbatanas, carne, óleo de fígado, cartilagens e peles: tudo se aproveita do tubarão. Por isso ele é cobiçado. O preço do quilo da barbatana do tubarão-martelo-recortado chega a US$ 100.
BACALHAU
O maior estoque do mundo de Bacalhau do Atlântico Norte (Gadus morhua) está no Mar de Barents, ao norte da Noruega e da Rússia. Ele está na lista de espécies vulneráveis da IUCN
ATUM AZUL
Usado nos sushis, o bluefin” está tão ameaçado que tem cotas de captura na Europa. Em junho, a temporada de pesca foi abreviada, porque a cota foi superada. Os estoques caíram 80% em 40 anos
CORVINA
Espécie mais pescada no Sudeste depois da sardinha, está sobre-explorada há três décadas. É capturada com outras espécies por pescadores que têm licença para “peixes diversos”
LAGOSTA
Em 1995, o Brasil pescou 10.338 toneladas de lagosta, o maior volume dos últimos 15 anos. Depois, a produção caiu. Hoje está na casa das 7 mil toneladas. O Nordeste é o maior produtor do País
CAMARÃO-ROSA
Está na lista de espécies sobre-exploradas do MMA. O volume pescado oscila bastante historicamente. Em 2006, foi registrada a maior captura dos últimos anos: 12.382 toneladas
Reportagem de Karina Ninni, Jornal Estado de São Paulo
COLABOROU REJANE LIMA
EcoDebate, 03/11/2010